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No azul do esquecimento

  • Carol
  • 21 de nov. de 2012
  • 3 min de leitura


Sempre quis escrever-te uma carta, mas me faltava coragem. Antes mesmo de iniciar as minhas primeiras linhas, já me preocupava com o que pensarias. De algum modo, a minha ansiedade em te agradar, em estar ao teu alcance, em ser boa o suficiente pra ti, me desgastava por total. É bem verdade o que me disseste, eu te supervalorizava. Acredito que o problema não estava em reconhecer o quanto eras incrível, mas em não enxergar o meu próprio valor. A minha baixa autoestima me sabotava.


Não quero que me leia agora com o mesmo olhar de 5 anos atrás. Não, não! Por favor, dê-nos uma nova chance. Não a chance de um romance, nada disso. Dê-nos a chance de enxergarmos um ao outro com verdade. A verdade que o tempo e distanciamento nos permite agora.


Finalmente, eu consigo enxergá-lo com desprendimento. Consigo me aceitar com minhas imperfeições. Ou, pelo menos, estou tentando. E, principalmente, consigo entender por que terminamos sem nem mesmo termos começado. Nós criamos muitas expectativas, não é mesmo?


Alguns encontros são raros. O nosso foi. Desconfio que apenas para mim.


Mesmo que não tenha sido recíproco, eu prefiro enxergar tudo como um aprendizado. E guardo comigo nossas boas conversas. Guardo comigo a gratidão por tê-lo encontrado, por termos compartilhado por alguns dias uma conexão única. Era o que eu sentia. Para mim, foi incrível, mesmo que tudo tenha dado tão errado.

A nossa ligação não era física, era algo que transcendia a matéria. Poderíamos passar dias apenas conversando e isso era o bastante. Lógico que eu queria tocá-lo. E, obviamente, eu estava com muito medo. Afinal, era tudo tão inacreditável pra mim.


Ambos vivíamos um momento de tantas adversidades e, ao mesmo tempo, expectativas. Eu, aqui. Tu, do outro lado do mundo. Duas almas sozinhas e ansiosas por um encontro. E tudo fugiu do nosso controle.


Por fim, tudo se quebrou.


Mas não estou escrevendo para lamentar o passado, por mais que lhe pareça. Escrevo para dizer que todas as experiências são válidas. Elas nos ajudaram a crescer. Ambos, cada um ao seu modo, estamos evoluindo, buscando o próprio caminho e descobrindo quem somos.


O tempo nos ajuda a enxergar tudo com mais clareza.


Continuo te achando uma pessoa incrível. O que mudou é que eu não me acho a pior pessoa.


A minha intensidade em sentir tudo assustou-o. O seu medo e o seu orgulho travavam um luta interna que eu jamais poderia vencer. Mas, hoje, vejo que sua resistência aos poucos se quebra. Mas sabe de uma coisa? Quando sentir que realmente vale a pena, tu vencerás o medo e permitirás a beleza da entrega. Então, sentirá confiança em si mesmo e entenderá que sempre viveremos momentos de medos e incertezas, mas não podemos deixá-las fazer morada, é preciso correr riscos, pois na vida não temos garantias e só nos resta tentar, cair, levantar, tentar de novo e guardar os bons momentos que vencemos a paralisia do medo.


Alguns riscos valem a pena correr. Sei que entenderá exatamente o que quero dizer com isso.


Enfim, não escrevo esta carta para me desculpar. Na verdade, essa carta é apenas para EU me perdoar. Durante muito tempo, eu me culpei por tê-lo perdido. O tempo me ajudou a perceber que nunca o perdi, que nunca fomos um do outro. E que tudo aconteceu por uma razão: subir mais um degrau no aprendizado do desapego.


Com amor,


2012.


Burn it down till the embers smike on the ground

And start new when your heart is an empty room

With walls of the deepest blue







 
 
 

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